Você acredita no que pensa?
Ricardo Borges
1/29/2025


Distorções Cognitivas
O behaviorista vê o pensamento (verbal) como uma pessoa falando consigo mesmo. Não só o ato de pensar é importante para um behaviorista - ainda mais um psicólogo clínico comportamental - como Skinner (1974) faz uma crítica aberta de que esse "comportamento oculto é também facilmente observado e de forma alguma está desprovido de importância: foi um erro ele ter sido negligenciado pelo behaviorismo metodológico, e por certas versões do positivismo lógico e do estruturalismo" (p. 92)
William Baum (2006) ainda ressalta que falar consigo mesmo, é classificado como comportamento verbal quando minha fala (que só eu tenho acesso e a emito como falante) afeta meu próprio comportamento (enquanto ouvinte de mim mesmo) (p.144).
Ou seja, não só os behavioristas estudam o pensamento, como entendem sua função em relação a como afetam tanto o comportamento público quanto o privado.
Você acredita no que pensa?
Então, não vai gostar de saber disso.
Nossa forma de pensar é resultado de coisas que já vivemos, de identificações, de medos, de desejos. E tudo isso pode causar distorções na forma com que pensamos (distorções cognitivas) , ou seja, imprecisões em como descrevemos contingências para nós mesmos e como prevemos o que acontecerá.
Alguns exemplos de imprecisões e descrições de contingências.
Generalização.
Quando a ocorrência de uma situação o leva a descrever para si que todas as outras ocorrerão igual.
- Eu me saí mal nessa prova. Eu nunca vou conseguir passar em um concurso.
Leitura de pensamento.
Você descreve para si que sabe o que o outro pensa.
- Eu não devia ter sorrido. Agora, ela está achando que eu não levo nada a sério.
Filtro negativo.
Quando diante de um evento com fatos positivos e negativos, você descreve para si repetida e exclusivamente os fatos negativos.
Rotulação.
Em vez de descrever o ocorrido, você rotula pejorativamente você mesmo, ou quem estava envolvido.
- Eu sou um fracassado mesmo. (em vez de) - Como eu errei na apresentação de hoje!
Prova Emocional.
Quando você descreve que o que você está sentindo é uma prova da realidade.
Comparação injusta.
Você descreve para si mesmo, em forma de cobrança, que deveria conseguir fazer ou alcançar o que outras pessoas conseguem, desconsiderando que suas circunstâncias são diferentes.
Previsão do futuro.
Descrever que o resultado de uma contingência que pode levar a vários desfechos, que o desfecho sempre será o pior.
Incapacidade de aceitar refutação.
Manter uma descrição falsa sobre algo mesmo diante de fortes evidências contrárias.
Há várias outras distorções na forma de pensar ou seja, de descrever para si mesmo de forma imprecisa as contingências nas quais está inserido. Mas com essas, te convido a algo: ouça suas impressões, incoerências e contradições. Permita-se desconfiar. Se conheça um pouco mais
Referências e Recomendação de Leituras
Skinner, B. F. (1974). Sobre o Behaviorismo
Baum, W. M. (2006). Compreender o Behaviorismo - Comportamento, cultura e evolução