As 5 Mentiras mais contadas sobre o behaviorismo

Ricardo Borges

2/4/2025

1. O behaviorismo nos vê como ratos de laboratório

Nitidamente, esse mito nasce do fato de os estudos sobre os princípios do comportamento terem utilizado ratos, pombos e outros animais. Sim, as pesquisas, em geral, tendem a partir de organismos mais simples para os mais complexos. Mas essa afirmação é tão falsa quanto dizer que a medicina nos vê como ratos por também utilizarem esses seres em seus estudos.

“A singularidade do indivíduo é incontestável na visão científica.” Skinner, 1959

2. O behaviorismo analisa tudo como Estímulo - Resposta

Mentira! Existem comportamentos que são eliciados por um estímulo anterior. Este comportamento leva o nome de "respondente" e é o que é chamado amplamente de "reflexo". É como o ato de salivar (Resposta) diante da acidez de um limão (Estímulo), ou, no calor (Estímulo) suar (Resposta). Mas dizer que o estudo do comportamento humano no behaviorismo se reduz a isso beira a má fé.
O estudo do comportamento é complexo e considera a história da pessoa, suas relações sociais, sua forma de pensar (autorregras e comportamentos governados por regras), suas crenças, sua forma de interpretar o mundo, em que grupos ela está inserida direta ou indiretamente, mediata ou imediatamente (comunidade verbal), o significado dos eventos (emparelhamentos e generalização), a condição em que a pessoa se encontra (operações estabelecedoras), e está muito atenta a como as consequências dos seus atos afetam o mundo e como essas mudanças a afetam de volta (Sr).

3. O behaviorismo não considera os sentimentos

Essa, eu deixo a resposta a cargo do próprio Skinner
“Uma formulação behaviorista não ignora os sentimentos; simplesmente muda a ênfase do sentimento para aquilo que é sentido.” Skinner, 1959
“Como as pessoas se sentem é, geralmente, tão importante quanto o que elas fazem.”
Skinner, 1989
Não há um livro importante sobre o behaviorismo que não traga descrições claras sobre os sentimentos. Mais que isso, há livros inteiros (ver nas indicações abaixo) sobre a subjetividade e sobre comportamento simbólico.

4. O comportamento se deve ao ambiente onde a pessoa está

Se "ambiente" significa "onde a pessoa está", esse é outro mito. Para o behaviorismo, a explicação do comportamento está na relação da pessoa com o ambiente. Porém , diferente do significado limitado de "lugar", bem lembra Todorov (2010), são ambiente toda a história do indivíduo, todas as suas relações sociais (inclusive essa nossa), sua biologia e, sim, o lugar. Percebe que desde de sua amorosa mãe até aquela conversa que te marcou, desde aquele filme até aquela viagem inesquecível, desde a cultura em que você vive até o calor que faz hoje, desde onde você está agora até a dor de cabeça que atormenta, desde as redes sociais que você segue até o barulho do carro que atrapalha a leitura, desde a hora que passa voando até sua maior lembrança da infância, tudo é ambiente? Sim, o comportamento ocorre na sua relação com tudo isso.

5. O behaviorismo está ultrapassado

Muito pelo contrário. As descobertas provindas de pesquisas experimentais do comportamento têm servido a áreas diversas, como à Economia, Medicina, Esporte, etc. Além de nutrir com dados de evidências científicas robustas novas intervenções
na psicologia.


Referências e Indicações

Skinner, B. F. (1953). Ciência e comportamento humano

Skinner, B. F. (1974). Sobre o Behaviorismo

Todorov, J. C. (2012). A psicologia como estudo de interações.

Todorov, J. C., Hanna, E. S. (2010). Análise do comportamento no Brasil

Baum, W. (2006). Compreender o Behaviorismo; Comportamento, cultura e evolução.

Tourinho, E. Z. (2009). Subjetividade e relações comportamentais

De Rose. Gil & Souza (Orgs.). (2014). Comportamento Simbólico - Bases Conceituais e Empíricas